Pensamentos Soltos
A chuva, a nuvem.
A poeira, o vento.
A onda, o mar.
Solto meus pensamentos,
Seus efeitos causam...
A nuvem, a chuva.
O vento, a poeira.
O mar, a onda.
Pensamentos soltos,
causas sem efeito.
RJ, 17/09/2008.
Sobre a idade
A idade lhe cai bem.
Cai cabelo,
cai o peito,
caem rugas e pelancas.
Cai a força,
cai o ânimo,
caem todas as bugigangas.
Cai cada grão
da ampulheta
até que da vida
nada resta.
Tão somente...
A morte lhe cai bem.
RJ, 05/02/2009.
Sem
Sem bússola, perdido,
Sem relógio, atrasado,
sem óculos, desfocado,
sem boca, calado,
sem ouvido, isolado,
com falta de tato,
me encontro embaraçado.
RJ, abril/2009.
logos, palavra, discurso, verbo; ergon, energon, trabalho, energia; trope, entrope, mudança, entropia.
domingo, 28 de fevereiro de 2010
sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010
Bênção e Maldição
“Bênção e Maldição são palavras ou ações que por si mesmas operam o bem ou o mal.” Esta é a definição encontrada no Dicionário Enciclopédico da Bíblia (Editora Vozes). Este definição possui uma conotação quase mágica, no sentido que pessoas são capazes de alterar o comportamento de outras através das palavras e de um poder pessoal independente da soberania de Deus.
Na realidade, pesquisas atuais sobre comunicação humana mostram que as palavras são responsáveis somente por uma pequena fração da nossa capacidade de nos comunicar com nossos semelhantes. O tom, a intensidade, o timbre e a velocidade da nossa voz, combinados com nossas expressões corpóreas, principalmente face e olhos, respondem por aproximadamente 90% da nossa capacidade de comunicação. Neste sentido, as palavras de benção (ou maldição) que vêm das profundezas do nosso ser, nosso coração para os poetas, são realmente mágicas, pois transmitem nossos desejos mais profundos. As pessoas que nos escutam percebem nossas emoção e intenção de maneira consciente, ou mesmo inconsciente, e reagem de acordo.
Na prática espalhamos na nossa casa e no nosso trabalho palavras que são transformadas pelos nossos ouvintes em bênção ou maldição. Quando trazemos uma palavra amiga, as pessoas respondem de maneira calma e amistosa. No entanto, se nossa entonação é rude ou sarcástica, o resultado fica logo aparente, as pessoas reagem ao ataque. A maneira e as palavras que nós falamos podem modificar o ambiente do nosso escritório ou da nossa casa.
Quando estamos rancorosos ou rudes, a atmosfera fica pesada, discussões bobas acontecem e tarefas simples podem ser abortadas por obstáculos quase intransponíveis. Quando estas situações acontecem, podemos alterar o padrão mudando o assunto da conversa, deixando a continuação da discussão para um tempo posterior, ou realizando alguma tarefa mecânica e simples, se possível, saindo para caminhar.
Quando estamos alegres e confiantes, transmitimos em todas as nossas palavras este sentimento e o trabalho tende a desenvolver com mais tranqüilidade e maior sucesso.
Jesus tinha plena consciência deste imenso poder capaz de alterar o ânimo e as perspectivas das pessoas que se aproximavam dele. De fato, inúmeras vezes ele alterou situações críticas empregando as palavras e, certamente, seus próprios sentimentos. Para seus discípulos deixou um comentário que ainda hoje nos faz meditar. “Porque a boca fala daquilo que o coração está cheio ... Pois por tuas palavras serás justificado e por tuas palavras serás condenado (Bíblia, Mateus 12: 33-37).”
RJ, 29/julho/2000.
quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010
Quero agradecer
Quero agradecer
mas não tenho palavras.
Um sentimento profundo
transborda do meu espírito.
Mais um dia passa.
Uma pessoa morre,
um bebe nasce,
meus filhos crescem.
A vida continua
e me sinto navegante.
Algumas vezes sou piloto,
quase sempre acompanhante.
Quero agradecer
porque nasci (não tive escolha).
Uma decisão dos meus pais
que sempre me deixa contente.
Cresci, brinquei, estudei...
Vivi minha vida.
Me casei, tive filhos...
Um dia morrerei.
E a vida continua
e me sinto acompanhante
da vida de tantas outras
pessoas mais importantes.
Quero agradecer
porque decidi (foi minha escolha)
por mais este dia
de trabalho e lazer.
Vi a solidão,
a morte e o calvário
de pessoas sem esperança,
perdidas em suas andanças.
Mas a vida continua
e Deus é meu amparo,
quando cansado, ou desesperado,
me deixa novamente maravilhado.
Quero agradecer
a minha esposa, aos meus filhos,
aos meus pais e aos amigos.
Quero agradecer a Deus.
RJ, 25/10/2009.
mas não tenho palavras.
Um sentimento profundo
transborda do meu espírito.
Mais um dia passa.
Uma pessoa morre,
um bebe nasce,
meus filhos crescem.
A vida continua
e me sinto navegante.
Algumas vezes sou piloto,
quase sempre acompanhante.
Quero agradecer
porque nasci (não tive escolha).
Uma decisão dos meus pais
que sempre me deixa contente.
Cresci, brinquei, estudei...
Vivi minha vida.
Me casei, tive filhos...
Um dia morrerei.
E a vida continua
e me sinto acompanhante
da vida de tantas outras
pessoas mais importantes.
Quero agradecer
porque decidi (foi minha escolha)
por mais este dia
de trabalho e lazer.
Vi a solidão,
a morte e o calvário
de pessoas sem esperança,
perdidas em suas andanças.
Mas a vida continua
e Deus é meu amparo,
quando cansado, ou desesperado,
me deixa novamente maravilhado.
Quero agradecer
a minha esposa, aos meus filhos,
aos meus pais e aos amigos.
Quero agradecer a Deus.
RJ, 25/10/2009.
segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010
Brincar com Palavras
Brincar com palavras pode ser um passatempo agradável, os resultados nem sempre.
Torto-lho
Brincar com palavras
é como fazer um molho.
Azeite, sal e mostardas
talvez combinem com repolho.
Escrever por linhas tortas,
me preocupa, pois nada colho.
Na plantação, as mandiocas
escondidas estão do meu olho.
No cabelo desalinhado
não encontro um piolho.
Neste poema desajeitado
reconheço um trambolho.
RJ, 23/05/2004.
Tudo ou Nada
Nada foi-se no momento
que tudo encontrou,
falava sobre outros mundos
que nunca alcançou,
recordava histórias do passado
que ninguém inventou,
pensava sobre outras vidas
que alguém vivenciou.
Obrigado por tudo,
De nada replicou.
Nos ares do Brasil, 09/11/2002.
Osso
Cadê o osso
que caiu no poço
bem fundo do fosso?
Lá estava o moço
e seu caroço
parado no pescoço
com grande alvoroço.
RJ, 03/05/2004.
Pois ia
O oi
da noite
ia
falar para o dia
sobre um hiato
doido
com o que ele escrevia.
Pretendia
coisas
que não entendia.
Seus versos dizia
que eram poesia.
Ora pois, ia.
Po
é
Ta
Ca
Ma
Ra
Da
Cama
Cara
Carma
Marca
Câmara
Camarada
RJ, 05/05/2004.
Torto-lho
Brincar com palavras
é como fazer um molho.
Azeite, sal e mostardas
talvez combinem com repolho.
Escrever por linhas tortas,
me preocupa, pois nada colho.
Na plantação, as mandiocas
escondidas estão do meu olho.
No cabelo desalinhado
não encontro um piolho.
Neste poema desajeitado
reconheço um trambolho.
RJ, 23/05/2004.
Tudo ou Nada
Nada foi-se no momento
que tudo encontrou,
falava sobre outros mundos
que nunca alcançou,
recordava histórias do passado
que ninguém inventou,
pensava sobre outras vidas
que alguém vivenciou.
Obrigado por tudo,
De nada replicou.
Nos ares do Brasil, 09/11/2002.
Osso
Cadê o osso
que caiu no poço
bem fundo do fosso?
Lá estava o moço
e seu caroço
parado no pescoço
com grande alvoroço.
RJ, 03/05/2004.
Pois ia
O oi
da noite
ia
falar para o dia
sobre um hiato
doido
com o que ele escrevia.
Pretendia
coisas
que não entendia.
Seus versos dizia
que eram poesia.
Ora pois, ia.
Po
é
Ta
Ca
Ma
Ra
Da
Cama
Cara
Carma
Marca
Câmara
Camarada
RJ, 05/05/2004.
sábado, 20 de fevereiro de 2010
Uma Pitada de Fé
Não sou cozinheiro mas gosto de fazer “fondue” de queijo e, assim, descobri a importância dos temperos. Sal a gosto, uma pitada de pimenta do reino e outra de noz moscada ralada. Uma pitada de tempero pode fazer uma enorme diferença entre uma comida gostosa, outra aceitável e uma outra intragável. A nossa vida também precisa de tempero e uma pitada de fé pode resultar numa melhora radical.
Fé e crença adquirem diferentes gradações. A declaração de um repórter na televisão que amanhã irá chover pode alterar nossa programação para o dia dependendo da nossa crença, ou confiança que depositamos nesta afirmação. Nos preparamos para levar um guarda-chuva, ou cancelamos uma manhã na praia. No entanto, se não chover não ficamos tão surpresos, sabemos que a previsão do tempo está sujeita a muitos erros. Outras crenças são certezas absolutas. Nós não temos nenhuma dúvida, que “amanhã será um novo dia!” Estas crenças estão mais arraigadas, mais profundas, no nosso ser (inconsciente). Elas determinam nossos resultados na vida.
Será que temos plena consciência das nossas convicções, das nossas crenças profundas? Muitas delas nos passam desapercebidas e, por isso, somos incapazes de alterar nossos resultados. Culpamos nossa falta de sorte, nossa falta de tempo, a ausência de talento, ou os outros. E perdemos a oportunidade de aprender e alterar o curso da nossa vida. Na realidade, nem sempre precisamos conhecer os detalhes das nossas convicções pessoais para alterar os futuros acontecimentos. Algumas perguntas simples são suficientes para avaliarmos o impacto das nossas decisões. “E se eu pudesse ..., eu trabalhasse ..., eu construísse ...” Basta completarmos a frase com as alternativas possíveis, prováveis ou improváveis, considerarmos os resultados, e tomarmos a decisão que o nosso coração aconselha.
Existem, entretanto, algumas crenças fundamentais. Elas estão relacionadas com alguém, ou algo, e dão um propósito para a nossa vida. Elas determinam nossa visão pessoal e do mundo. Considero três crenças fundamentais para a minha vida. Não posso afirmar que elas sejam igualmente essenciais para todos, mas podem fazer uma diferença fantástica na sua vida.
Acredito na minha capacidade de trabalhar, de aprender e de descobrir novas oportunidades. Cada dia procuro aumentar esta minha crença que transformou minha vida num processo de aprendizado contínuo. Preciso estar aberto para aprender com os outros, pois toda e qualquer pessoa pode me ensinar alguma coisa nova. Esta crença trabalha minha autoconfiança.
Procuro crer nas pessoas que me cercam, me auxiliam, ou participam da minha equipe de trabalho. Muitas vezes fiquei decepcionado pois não era correspondido mas, com vergonha, descobri que eu mesmo já decepcionei tantos outros, inclusive pessoas que eu amo. Eu era, e ainda sou um aprendiz na arte de viver. Esta crença aumenta minha confiança nas pessoas e me permite delegar tarefas.
Finalmente, creio em um Deus todo poderoso e sempre pronto para nos escutar de maneira muito pessoal. Nos momentos difíceis, aprendi a confiar neste Deus. Esta é uma crença muito pessoal e profunda. Impossível de explicar de maneira lógica. Não sei se você acredita em Deus, mas ... e se Ele realmente existir?
“Se tiverdes fé como um grão de mostarda ... Nada vos será impossível.(Mt 17:20)” Um grão de mostarda, um semente minúscula que serve como tempero. Uma pitada de fé na nossa vida.
RJ, 5/fev/2000.
quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010
Da janela de um avião
Quando contemplo os teus céus
(Sl. 8:3)
Uma galáxia
no universo infinito;
Uma estrela
na borda da Via Láctea;
Um planeta
em sua órbita elíptica;
Um pássaro
em seu vôo alado,
Abaixo das nuvens
que encobrem a Terra,
e acima do homem
que nela habita.
Que é o homem
Que dele te lembres?
E o filho do homem
que o visites?
Pois o homem esquece
que a vida é curta
como a flor
na primavera,
que após seu tempo
retorna a Terra,
o planeta
que ao redor do sol gira,
a estrela
que penetra o infinito
universo
que não é quimera.
És o Deus
que o sustentas,
com teu amor
o alimentas.
Berlin, 04/06/2004.
Vida e problemas
Visto do infinito
qualquer problema é finito,
não possui altura nem textura,
somente luz e sombra
como a terra vista do céu,
na penumbra do amanhecer,
que a veste como um véu.
Mas há beleza nesta visão
apesar de pouca paixão.
Vista de perto,
a vida se transforma.
O problema é uma onda
que do infinito mar transborda
e nos enrola como uma bola.
Há medo, frustração,
angústia e aflição.
Mas há também amor e alegria
de viver a vida bem vivida (em harmonia).
Nos ares do Brasil, 14/05/2006.
Anoitecer
O sol refletido
nos rios e lagos.
As curvas recortadas
por muitos arados.
Nuvens de tempestades,
velozes pelos ares,
desfilam seus hábitos,
inundam lagares.
Com cores pintadas
com uma paleta pastel
do verde ao azul mesclam
seus tons de cinza com o céu.
Os quadros se sucedem.
Da janela do avião
vislumbro obras que enaltecem
esta incrível Criação.
EUA, maio/2007.
(Sl. 8:3)
Uma galáxia
no universo infinito;
Uma estrela
na borda da Via Láctea;
Um planeta
em sua órbita elíptica;
Um pássaro
em seu vôo alado,
Abaixo das nuvens
que encobrem a Terra,
e acima do homem
que nela habita.
Que é o homem
Que dele te lembres?
E o filho do homem
que o visites?
Pois o homem esquece
que a vida é curta
como a flor
na primavera,
que após seu tempo
retorna a Terra,
o planeta
que ao redor do sol gira,
a estrela
que penetra o infinito
universo
que não é quimera.
És o Deus
que o sustentas,
com teu amor
o alimentas.
Berlin, 04/06/2004.
Vida e problemas
Visto do infinito
qualquer problema é finito,
não possui altura nem textura,
somente luz e sombra
como a terra vista do céu,
na penumbra do amanhecer,
que a veste como um véu.
Mas há beleza nesta visão
apesar de pouca paixão.
Vista de perto,
a vida se transforma.
O problema é uma onda
que do infinito mar transborda
e nos enrola como uma bola.
Há medo, frustração,
angústia e aflição.
Mas há também amor e alegria
de viver a vida bem vivida (em harmonia).
Nos ares do Brasil, 14/05/2006.
Anoitecer
O sol refletido
nos rios e lagos.
As curvas recortadas
por muitos arados.
Nuvens de tempestades,
velozes pelos ares,
desfilam seus hábitos,
inundam lagares.
Com cores pintadas
com uma paleta pastel
do verde ao azul mesclam
seus tons de cinza com o céu.
Os quadros se sucedem.
Da janela do avião
vislumbro obras que enaltecem
esta incrível Criação.
EUA, maio/2007.
terça-feira, 16 de fevereiro de 2010
Viajar de Avião
Algumas pessoas tem medo, quase pavor, de viajar de avião. Eu gosto. O som contínuo das turbinas me embala e muitas vezes durmo muito antes do avião ter decolado. Quando acordo procuro passar o tempo lendo, estudando, ou escrevendo em folhas de papel. Nestes momentos, minha imaginação se distancia até do próprio avião. Transcrevo alguns poemas escritos nos ares do Brasil e do mundo.
Passatempo
Ar,
Mar,
Armar.
Um jogo de letras
Assombram
O viajante,
O tripulante
E o comandante,
Sem o sextante,
Se encontra
Perdido
Neste horizonte.
Nos céus do Brasil, 21/10/2005.
Favelas
(vistas do céu)
Pequenas caixas retangulares
separadas por linhas escuras,
criam formas irregulares
espalhadas pelas alturas.
Um cenário de brincadeiras
de algum moleque maroto
que constrói uma cidade
sobre um tapete roto.
As bordas, montanhas de pedras,
lisas, verdes e negras,
despejam de suas entranhas
montes de casas, favelas inteiras.
RJ, 06/maio/2006.
Noite no avião
I
É noite, sob a escuridão
do céu encoberto, sem estrelas,
avisto a terra, o negro chão.
Luzes brilham pelas janelas
espalhadas na imensidão
das terras devolutas
deste grande sertão.
Cada luz, um vida,
talvez uma família,
a nutrir um único sonho.
A esperança de novo dia.
II
No escuro, a esperança
desponta em cada luz
que através das janelas reluz
Vidas se escondem
nas casas sem cor,
em fuga da dor,
em busca do amor.
A distância evoca relances
de cada vida escondida
pelo manto escuro
da noite descolorida.
RJ, 29/outubro/2006.
O Pouso
Tripulação,
pouso autorizado,
rodas abaixadas,
flaps levantados.
Com um choque no solo,
os freios acionados,
o avião roda pela pista
em busca do terminal,
a etapa final
de um voo sem sal.
RJ, 11/06/2008.
Passatempo
Ar,
Mar,
Armar.
Um jogo de letras
Assombram
O viajante,
O tripulante
E o comandante,
Sem o sextante,
Se encontra
Perdido
Neste horizonte.
Nos céus do Brasil, 21/10/2005.
Favelas
(vistas do céu)
Pequenas caixas retangulares
separadas por linhas escuras,
criam formas irregulares
espalhadas pelas alturas.
Um cenário de brincadeiras
de algum moleque maroto
que constrói uma cidade
sobre um tapete roto.
As bordas, montanhas de pedras,
lisas, verdes e negras,
despejam de suas entranhas
montes de casas, favelas inteiras.
RJ, 06/maio/2006.
Noite no avião
I
É noite, sob a escuridão
do céu encoberto, sem estrelas,
avisto a terra, o negro chão.
Luzes brilham pelas janelas
espalhadas na imensidão
das terras devolutas
deste grande sertão.
Cada luz, um vida,
talvez uma família,
a nutrir um único sonho.
A esperança de novo dia.
II
No escuro, a esperança
desponta em cada luz
que através das janelas reluz
Vidas se escondem
nas casas sem cor,
em fuga da dor,
em busca do amor.
A distância evoca relances
de cada vida escondida
pelo manto escuro
da noite descolorida.
RJ, 29/outubro/2006.
O Pouso
Tripulação,
pouso autorizado,
rodas abaixadas,
flaps levantados.
Com um choque no solo,
os freios acionados,
o avião roda pela pista
em busca do terminal,
a etapa final
de um voo sem sal.
RJ, 11/06/2008.
sábado, 13 de fevereiro de 2010
Poeira da Vida
Poeira do tempo,
espalhada sobre os móveis
da casa antiga,
ao passado me remete.
Esconde tesouros
sob a sujeira
das finas partículas
que o tempo destila.
Poeira das estrelas,
espalhada pelo espaço,
seu brilho suave ilumina
a Terra e meu passo.
Conta histórias
de um passado distante,
luz que percorre o universo
sem nenhum horizonte.
A vida é poeira
levantada pelo vento.
Cessa a brisa
desfaz-se a vida.
E a luz das estrelas
reflete na Terra.
E o espírito sem rumo
volta a Deus.
RJ, 01-07/setembro/2008.
espalhada sobre os móveis
da casa antiga,
ao passado me remete.
Esconde tesouros
sob a sujeira
das finas partículas
que o tempo destila.
Poeira das estrelas,
espalhada pelo espaço,
seu brilho suave ilumina
a Terra e meu passo.
Conta histórias
de um passado distante,
luz que percorre o universo
sem nenhum horizonte.
A vida é poeira
levantada pelo vento.
Cessa a brisa
desfaz-se a vida.
E a luz das estrelas
reflete na Terra.
E o espírito sem rumo
volta a Deus.
RJ, 01-07/setembro/2008.
José Urbano, o Agricultor
José Urbano tinha feito sua maior decisão na vida. Abandonou a cidade onde nascera e vivera até aquele momento e partiu para o interior. Foi uma decisão madura, discutida com sua esposa nos últimos três anos. Seus filhos ainda eram pequenos, não freqüentavam nenhuma escola, mas ele mal os via, mergulhado no trabalho diário para trazer o sustento da família. Deveria existir outra alternativa.
Sua opção foi trabalhar no campo. Vendeu tudo que tinha e comprou uma pequena fazenda e grãos para plantar. Nunca tivera experiência como agricultor e, por isso, comprou livros. Precisava aprender com grande velocidade. O tempo para plantar era curto. A terra precisava ser arada e preparada para o plantio. Executou a primeira tarefa com auxílio de equipamentos alugados. Logo, o campo estava pronto para semear. José pegou os sacos de semente e espalhou pelo campo.
Que experiência! Trabalhava no presente sem conhecer os resultados. Pela primeira vez vivia o presente com os olhos no futuro. Seu sonho deveria ser regado e cuidado a cada dia, semana e mês. Precisou aprender a cultivar seu campo, sua esperança e sua perseverança.
Veio o tempo da colheita. O sonho se materializava no belo colorido do milho maduro e das grandes vagens verdes. José Urbano estava feliz, mas seu aprendizado no campo e na vida ainda estavam no início. Logo descobriu que nem tudo frutificou como esperava. Alguns grãos tinham caído nas trilhas dos animais e dos camponeses locais. Foram pisoteados e, os poucos que cresceram, tiveram os frutos arrancados. Outros caíram em terras impróprias, cheias de pedras. Ali as ervas daninhas cresceram e sufocaram os brotos. No entanto, uma fração apreciável de suas sementes germinaram, cresceram e deram frutos. José Urbano tinha alcançado seu sonho e também compreendido uma estória que ouvira ainda adolescente.
Era a Parábola do Semeador, contada por Jesus há milhares de anos. Jesus tinha explicado sobre a dificuldade de semear o Evangelho e os estudiosos desta parábola enfatizavam somente este ponto. Eles perdiam uma parte essencial da estória. Só uma pessoa sem experiência plantaria nas trilhas dos animais e em terras pedregosas. Precisava ser um José Urbano, crescido desde criança nas grandes cidades de ferro, concreto e asfalto. Por outro lado, só um sonhador seria capaz de trabalhar mesmo com poucos conhecimentos, sem avaliar todos os obstáculos e, tão somente, plantando para o futuro.
O sonho e a ação daquele lavrador da parábola determinaram seus resultados. José Urbano, longe da cidade e vivendo no campo, compreendia agora a beleza e a força das palavras de Jesus quando começou a contar aquela parábola “Saiu o semeador a semear” (Mt 13:3 ou Mc 4:3).
RJ, 25/08 a 14/10/1996.
quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010
Sobre a Vida
No princípio, a vida
No princípio, eram
o caos, a ordem,
a noite, o dia,
o cálice quebrado
o vidro estilhaçado,
o vinho derramado
e a vida desperdiçada
sobre a terra inóspita.
No princípio, viviam
o homem, a mulher,
os filhos de Adão,
espalhados pelo Sertão,
pelas veredas solitárias,
entre espinhos das caatingas,
teimando em viver
apesar da própria vida.
No princípio, criou Deus
o céu e a terra,
o deserto e o semi-árido,
os rios com leitos secos
e povos obstinados
em viver na esperança
do desabrochar da vida.
RJ, 07/dezembro/2008.
Arquivo do Passado
Em que livro, ou arquivo,
guardei meu passado?
As imagens, as fotos, as cenas
e os escritos abandonados.
As imagens luminosas
dos momentos de alegria
consigo recuperá-las
sem nenhuma agonia.
As fotos coloridas
com cores fortes e vívidas
espelham emoções
nunca antes percebidas.
As cenas nebulosas
de conflitos existenciais
me assaltam muitas vezes
com pavores abismais.
No papel branco escrevo,
a caneta ou a lápis,
os conflitos da minha vida
e minhas horas de folia.
RJ, 06/09/2009.
No princípio, eram
o caos, a ordem,
a noite, o dia,
o cálice quebrado
o vidro estilhaçado,
o vinho derramado
e a vida desperdiçada
sobre a terra inóspita.
No princípio, viviam
o homem, a mulher,
os filhos de Adão,
espalhados pelo Sertão,
pelas veredas solitárias,
entre espinhos das caatingas,
teimando em viver
apesar da própria vida.
No princípio, criou Deus
o céu e a terra,
o deserto e o semi-árido,
os rios com leitos secos
e povos obstinados
em viver na esperança
do desabrochar da vida.
RJ, 07/dezembro/2008.
Arquivo do Passado
Em que livro, ou arquivo,
guardei meu passado?
As imagens, as fotos, as cenas
e os escritos abandonados.
As imagens luminosas
dos momentos de alegria
consigo recuperá-las
sem nenhuma agonia.
As fotos coloridas
com cores fortes e vívidas
espelham emoções
nunca antes percebidas.
As cenas nebulosas
de conflitos existenciais
me assaltam muitas vezes
com pavores abismais.
No papel branco escrevo,
a caneta ou a lápis,
os conflitos da minha vida
e minhas horas de folia.
RJ, 06/09/2009.
quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010
Aconcaguá
A longa estrada serpenteia
Entre vinhedos e montanhas,
Enquanto o vento espalha a poeira
Que penetra nossas entranhas.
No horizonte ergue-se um pico,
Um maciço de pedra negra.
Seu cume em eterno branco
Sobressai na cordilheira.
A sentinela de pedra
O grande vale espreita
Como eterna protetora
Desta imensa fronteira.
A neve entre os montes
Derrete-se em correntes,
Espalhando sua água
Pelo vale do Aconcágua.
Santiago, 25/02/2005
segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010
Eternidades
Era uma tarde típica de verão no Rio de Janeiro. Uma lua quase cheia pintava de branco o céu azul claro desta tarde. A montanha do Corcovado, coberta com inúmeros matizes de verde, descansava imponente no horizonte. As andorinhas brincavam de pique-pega sobre os prédios vizinhos. Uma brisa leve burlava com as plantas próximas e acariciava a face. O tempo havia perdido seu significado limitante. Durante segundos, talvez minutos, fiquei observando a beleza que se descortinava da varanda do nosso apartamento. O tempo havia parado. Eu estava vivendo a eternidade dos que contemplam o belo.
Nem todas as eternidades são agradáveis. Quem já sobreviveu a um acidente, por mais banal que seja, conhece o significado da eternidade dos impotentes. Foi assim que me senti quando retornava de Caxambu alguns anos atrás. Éramos quatro dentro de um pequeno carro. Eu estava no banco atrás do motorista. Todos nós conversávamos animadamente enquanto uma garoa fina mal molhava o vidro do carro. No meio de uma curva, uma freada mais brusca fez o carro derrapar e começar a rodopiar. Vinte, ou trinta segundos, se passaram entre a ribanceira e o barranco. Esta é a eternidade dos impotentes, quando nossa vida está suspensa por um fio e a angústia assalta nosso espírito.
Estas eternidades nascem da emoção e nos deixam fortes recordações. Todos nós sabemos que elas são somente distorções mentais de como percebemos o tempo, apesar da realidade de seu impacto emocional. No entanto, existe uma eternidade real. Não é exatamente um tempo infinito, que poderíamos navegar como um viajante para o passado, ou o futuro. Não é o nosso registro histórico dos nossos feitos, ou de(s)feitos. Antes é uma eternidade transcendental, resultante da ação de Deus na História. Ela é graça derramada, reconciliação de Deus com o ser humano. Tempo do novo céu e nova terra, quando a dor será substituída pela alegria e o prazer. A doença deixará de existir e a vida vencerá a morte. O tempo certo do cumprimento da promessa de Deus.
No entanto, esta eternidade não espera um tempo futuro para seu cumprimento. Ela já se iniciou e está presente na vida de cada um de nós que aceitamos nossa responsabilidade de alterar o presente. Que aceitamos a graça de estarmos reconciliados com Deus. Transformamos nossa vida em ação para com nosso próximo e ajudamos a construir um mundo melhor. Neste processo, apesar de todas as dificuldades, encontramos nossa felicidade e transcendência. O sentimento de dever cumprido, a eternidade que faz diferença.
Rio de Janeiro, 05 de maio de 2001.
Logos, ergon e trope
Logos, transliteração do grego que significa "palavra", "discurso". Um dos temas permanentes da minha vida, pois me reporta ao primeiro versículo do Evangelho de João. O Verbo, a Ação de Deus presente desde o princípio de todas as coisas e da própria vida. A capacidade criadora que já existia quando tudo era caos. No princípio era o Verbo (Logos) , e o Verbo (Logos) estava com Deus, e o Verbo (Logos) era Deus. (Jo 1: 1)
A palavra dá início à ação, ao trabalho, ou a uma obra (ergon). Na física, a energia (en+ergon) produz trabalho mecânico, elétrico, ou (bio)químico. Na termodinâmica, está presente na primeira lei, a energia é conservada. No cotidiano está presente em tudo que se move e transforma. Tudo que sofre mudança de direção (trope) e cria estados distintos. Este processo de transformação causa desordem, mas não o caos. Está também presente na termodinâmica como a segunda lei, a entropia (en+trope) do universo é conservada para um processo reversível, ou aumenta para um processo irreversível. Uma conversa para um outro momento.
As três palavras, logos, ergon e trope, estão presentes ao longo da minha vida. Nem sempre nesta ordenação tão apropriada, mas sempre me transformando e me preparando para os desafios, alguns novos, outros antigos, outros ainda certamente desconhecidos. Espero que, você leitor, conhecido ou desconhecido, relegue meus erros e imprecisões, ou me informe para que os corrija, mas aproveite meus devaneios como provocações para sua própria vida.
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