quarta-feira, 30 de junho de 2010

Ternura


                            Para D.

Uma palavra, um olhar,
uma expressão de ternura.
A noite me encontra
a lembrar outras tantas
que ao chegar do trabalho
seu gesto de carinho,
sua voz amiga,
meu cansaço cura.

Mas a tristeza me assalta,
assusta e tortura.
Me quedo agoniado pelas lembranças
de outras noites, tantas...
em que não compartilhei
sua amargura.
Bastava uma palavra, um olhar,
tão somente
uma expressão de ternura.

RJ, 28/06/2009

domingo, 27 de junho de 2010

O Fundamento da Liderança

Os modelos de liderança são tão diversos quanto os tipos de pessoas. O livro “O Líder do Futuro” , um projeto da Fundação Peter F. Drucker, fundamenta muito bem esta proposição com seus 36 autores e 31 capítulos distintos sobre o fascinante tema da liderança empresarial e de organizações não governamentais. Por isso, não podemos dizer que existe um modelo perfeito de liderança para uma determinada empresa ou instituição.

Apesar disto, somos tentados a estabelecer descrições dos diversos tipos de liderança, segundo Daniel Coleman : coercitiva ou centralizadora, visionária ou carismática (“authoritative”), associativa (“affiliative”), democrática, perfeccionista (“pacesetting”) e treinadora (“coaching”). Esta nomenclatura, assim como várias outras, procura descrever as características de trabalho e relacionamento humano do líder. Coleman ao associou estas divisões pragmáticas com uma definição operacional do líder: “a ação básica do líder é obter resultados.”

Certamente conhecemos pessoas que apresentam alguns destes tipos de liderança e, normalmente, a capacidade de liderança estará associada com a flexibilidade que estas pessoas apresentam. No entanto, a escolha de um modelo de liderança não pode depender somente de “obter resultados”, conforme definição operacional expressa no parágrafo anterior.

Todos nós queremos obter resultados, mas existem custos não financeiros que precisam ser ponderados. Quaisquer que sejam nossas características pessoais ou modelos de liderança, teremos custos emocionais e sociais resultantes do nosso relacionamento humano com nossos liderados e a sociedade em que se inserem. Mesmo que não possamos escolher modelos bem definidos de liderança, deveremos viver segundo os princípios que reduzam nossos custos emocionais e sociais. Estes são os princípios éticos que mantém a integridade física, racional, emocional e espiritual dos nossos liderados e de nós mesmos. Eles estão fundamentados numa ética de respeito, amor e serviço. Uma ética que me faz lembrar as palavras que Paulo dirige para os cristãos que vivem em Filipos:

“Se há, pois, alguma exortação em Cristo, alguma consolação de amor, alguma comunhão do Espírito, se há entranhados afetos e misericórdias, completai a minha alegria de modo que penseis a mesma cousa, tenhais o mesmo amor, sejais unidos de alma, tendo o mesmo sentimento. Nada façais por partidarismo, ou vanglória, mas por humildade, considerando cada um os outros superiores a si mesmo. Não tenha cada um em vista o que é propriamente seu, senão também cada qual o que é dos outros .”

RJ, 16/dezembro/2000.

F. Hesselbein, M. Goldsmith e R. Beckhard (editores), “O Líder do Futuro”, Editora Futura, São Paulo, 2000.
D. Goleman, “Leadership that gets results”, Harvard Business Review, March-April, p. 78-90, 2000.
Bíblia Sagrada, Filipenses 2:1-4, Sociedade Bíblica do Brasil, Rio de Janeiro, 2000.

domingo, 20 de junho de 2010

O Vento

Nas correntes de ar quente
sobem gaivotas planando,
buscam na altitude
um momento de descanso.

Quando a brisa bate forte
e as folhas vai levantando,
espalha uma sensação suave,
lembra um terno acalanto.

Nos dias de tempestade
com a biruta ensandecida,
o vento toma a liberdade
de mudar a nossa vida.

O vento é o Espírito
de Deus, que nos embala,
nos sustenta quando cansados,
nos dirige quando agitados.

RJ, 16/05/2010.

domingo, 13 de junho de 2010

Poemas Ecológicos I

Grama sintética

Falsa grama, sintética,
como a vida nas cidades.
Disfarçada e eclética,
parece limpa, sem sujidades.

Impede a vida
com seu manto verde,
como o asfalto e o concreto,
deixa a terra com sede.

Falsa grama, bela,
jamais fica amarela,
como a feiúra que se disfarça
atrás dos prédios que circundam a praça.

RJ, jan/2006.

quinta-feira, 10 de junho de 2010

Espaço Infinito

Nas grandes cidades não conseguimos observar direito as estrelas. As luzes ofuscam a beleza de um céu estrelado. O telescópio Hubble, mantido pela NASA, fornece uma visão única das estrelas e nebulosas. Suas fotos de alta resolução nos permitem imaginar como seria o espaço infinito.


Espaço Infinito

Vazio.
O universo repleto
de espaço infinito
parece um imenso vazio.

Estrelas existem
milhares de milhares
a brincarem de pique-esconde
nos espaços interestelares.

A cada salto
um vazio
que na mente fantasio
um grande mar bravio.

No final,
uma resposta
incompleta e mal disposta
da pergunta terminal.

Meu universo
é este espaço infinito
em que a minh’alma sagro
à busca do Ser Infinito.


RJ, 15/11/2005

domingo, 6 de junho de 2010

Uma semente

"Vou plantar uma árvore." Rubem Alves começa e termina um belíssimo estudo poético sobre a oração do Pai Nosso (Ed. Paulinas) com esta frase. Plantar requer um esforço persistente ao longo de meses, ou anos (no caso de árvores), mas plantar também é um ato de esperança, um olhar para além do nosso presente. Este é o tema do poema abaixo que, de certa maneira, nasceu da visão de Rubem Alves.

Uma Semente

Fazer uma semente
brotar na nossa Terra,
requer sujar as mãos
ao longo de uma era.

Fazer uma semente
brotar na nossa Mente,
requer regar o campo
de palavras e idéias.

Fazer uma semente
brotar na nossa Vida,
requer cultivar de noite
como fosse de dia.

Fazer uma semente
brotar dos nossos Sonhos,
requer limpar a Terra
das ervas e das pedras.

Fazer uma semente
brotar num Novo Dia,
requer esperar em Deus
o milagre da nova vida.

RJ, 19/09/1999.

sexta-feira, 4 de junho de 2010

Esperança

Você já se deu conta que existem diferentes formas de esperança. Estes dois poemas tratam deste assunto em poucas palavras.

Duas Esperas

Duas esperas estão
sempre presentes.

A espera do provável
insolvente.
A espera do improvável
transcendente.

A espera do provável
descrente.
A espera do improvável
permanente.

A espera do dia
que se faz noite.
A espera da morte
que se faz vida.

A espera do trabalho
desempregado.
A espera do amor
correspondido.

A espera passiva
que sem vigor rumina.
A espera ativa
que com fé caminha.

Desespero
Esperava pelo provável,
esperava por outro dia
que mais perto da morte
o trazia

Esperava sem esperança,
o novo dia que trazia,
barriga vazia
azia,
sem esperança
padecia.

RJ,4 e 10/06/1995.