Normalmente não me sinto só, pelo contrário, estou sempre bem acompanhado da família e dos amigos. No entanto, muitas vezes percebo pessoas que aparentam estarem sós, talvez uma solidão existencial. Os dois poemas abaixo tratam da solidão. O primeiro está relacionado com a solidão real de quem passa um tempo distante da família, estava na fossa, e o segundo é a solidão existencial.
Solidão
Esta fala
nem seu eco escuta,
entre quatro paredes,
nasce moribunda.
Esta luz
mal ilumina a sala,
onde uma sombra inquieta
recorda o tempo que passa.
Esta vida,
durante o dia, atenta,
de noite mal agüenta
a solidão que enfrenta
França, Antony, 07/09/2001.
Solidão 2
Uma estrela perdida no universo
distante cem mil anos-luz da terra,
de tudo que amei e conhecii.
Sua luz tênue não mais senti.
Um barco no oceano
verde-azulado, um imenso plano.
Nada vejo além do horizonte,
da humanidade, nem mesmo um monte.
No trem da Central apinhado
de desconhecidos que não se falam,
perpasso minha vida e descubro,
estou só, perdido no mundo.
Na cruz me vi acompanhado
por dois desconhecidos de cada lado.
Os amigos quedavam a distância,
sem partilhar da minha agonia.
A solidão se fez presente
mesmo para quem estava ausente.
Deus meu, Deus meu,
por que me desamparaste?
RJ, 18/10/2009.
a solidão é tão coletiva .... excelente sua expressão poética.
ResponderExcluirsolidão 2 me parece que já entrou na fase depressiva.
O poema Solidão 2 é na realidade uma interpretação da Crucificação de Cristo Jesus. O primeiro poema é pessoal.
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