sábado, 27 de março de 2010

Está Consumado

Novamente nos aproximamos da Páscoa Cristã em que palavras chaves são paixão, morte e ressurreição. Um grande amigo meu, pastor, me pediu que escrevesse alguma coisa sobre as últimas palavras de Jesus segundo o Evangelho de João. Não era para ser exatamente um poema, mas assim desta maneira.



Está Consumado!

Quando, pois, Jesus tomou o vinagre, disse:
Está consumado!
E, inclinando a cabeça,
rendeu o espírito.
(João 19:30)

Esta cruz!
Provoquei as autoridades.
Trabalhei quando outros descansavam,
expulsei os vendedores que na entrada do templo  negociavam,
curei o físico e o espírito das pessoas que me buscavam.

Fui condenado!
Rei dos judeus!
Uma ameaça para a sociedade.
Fui Conspirador? Sim!
Da palavra, do espírito e da verdade.

Tenho sede!
Este sol escaldante, minha boca seca.
Minha mente devaneia.
Da minha vida recolho somente
fragmentos semiconscientes.
Dei de beber a tantos da água da vida.
Compartilhei pão e vinho com meus discípulos.
E agora?


Onde estão todos?
Abandonaram-me.
O líquido que me dão é vinagre
que nos meus lábios feridos arde.

Meu consolo?
Minhas lembranças
da minha vida de andanças.

Aba, Pai.
Se Eu posso ter alguma alegria,
nesta hora de agonia,
é minha certeza da missão cumprida
com minha vida interrompida.

Está consumado!

                           RJ, 13 a 18/04/2003

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