Haifa, Israel, maio/2006.

Espelhos

Espelho de Narciso,
amante da vaidade,
mostra seu próprio rosto
mas esconde a verdade.

Espelho de Alice,
um mundo de mistérios,
onde nada é a mesmice
de tantos cemitérios.

Espelho do espelho,
infinitos rostos
entre dois vidros
e eu no meio.

-- xx --

Espelho do mar,
O azul do céu
reflete nas ondas
e me faz sonhar.

O sol sobre o espelho,
um reflexo brilhante
da luz que percorre
um universo distante.

Um jogo de espelhos,
papel transparente e picado,
caleidoscópio colorido
de padrões replicados.

Espelho metálico
de bronze mal polido,
o rosto obscuro
do desconhecido.

-- xx --

Espelho partido,
mil cacos de vidro,
não mais reflete
a vida e o destino.

O espelho não guarda
a imagem que chega,
somente a espelha
para que o mundo a veja.

O espelho não mente,
o espelho não cria.
Ele reflete somente
a imagem vazia

dos sentimentos,
das mentiras,
da verdade,
da própria vida.

RJ, janeiro/2008.