As Fontes da Vida

Chapada de Diamantina, Fev/2009

O mundo moderno está na era da comunicação. O rádio, a televisão e a internet nos colocaram numa estrada sem retorno. Ser bem sucedido neste mundo requer um constante aperfeiçoamento, um conhecimento crescente dos meios de comunicação. No entanto, muitas vezes nos frustramos com nossa incapacidade de nos comunicar de maneira apropriada. Somos incapazes de motivar nossos subordinados, de compreender nossos chefes e de compartilhar momentos preciosos com nossas esposas, ou esposos, filhos e filhas. Nos tornamos depositários de uma quantidade fantástica de informações, mas nos percebemos limitados em transparecer nossos sentimentos.

Vivemos num mundo extremamente competitivo e aprendemos a racionalizar nossas frustrações. Encontramos desculpas para reduzir os efeitos de resultados negativos e, sem apercebermos, eliminamos nossas emoções. Muitas vezes acreditamos que a física, a matemática e outras áreas do conhecimento sejam ciências exatas e deixamos de constatar que todas elas foram desenvolvidas por pessoas que colocavam toda sua emoção no seu trabalho. Pessoas que apostavam no novo, no desconhecido, na beleza de uma fórmula matemática, na cadência marcante de um samba, na visão deslumbrante que se descortina no topo de uma grande montanha, na conquista de um novo desafio.

Os antigos acreditavam que nossas emoções vinham do nosso coração e na sabedoria popular ousavam afirmar: "Sobre tudo o que se deve guardar, guarda o teu coração, porque dele procedem as fontes da vida (Provérbios 4:23)". A medicina nos mostra que esta não é um hipótese correta, mas a linguagem poética sempre quebra nossas barreiras intelectuais. Por isso, talvez seja agora o momento oportuno para bombear nosso coração com as imagens de um novo dia, o beijo da pessoa amada, a gargalhada alegre de uma criança... E depois silenciosamente darmos graças a Deus pelo novo dia, porque Dele procedem as fontes da vida e, então, deixarmos transbordar nossos corações.

RJ, 04/04/1999.